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Emocionante Carta Psicografada de uma vítima do naufrágio do barco Bateu Mouche




Água não, tenho pânico de água, desde o dia em que caí do barco, não me ofereça ir a lugar algum que tenha água, lagos, rios, mar, qualquer água. Todos no barco, muita gente mesmo, muita festa, brindes, bebidas, ano novo, quanta gente linda e alegre, se divertindo. Caí, o barco virou, pendeu, quase afundou de tanto peso, na baía. Que desespero, Meu Deus, que horror, quantos gritos, gente segurando em gente, gente empurrando gente. Mesmo quem sabia nadar, não dava muito certo, por causa da confusão e das roupas de noite, atrapalhavam as pernas.

Foi assim comigo, o vestido longo se enrolou em mim de um jeito, que eu não conseguia nadar, não conseguia. Um verdadeiro desespero.

Ouvi longe sirenes e percebi luzes, muitas luzes, sirenes como apitos, mas nada conseguiu me salvar, a água entra no corpo e tudo trava, não dá pra respirar e quanto mais me debatia, pior era, porque não dominava o que eu fazia.

Um pesadelo, porque será que ainda não acordei? Já amanheceu? Porque estou seca agora? Sempre sonhei que estava molhada. O que aconteceu? Quem me ajudou?

Eles disseram que Deus, em sua bondade infinita, permite que todos os seus filhos sejam acolhidos, que agora tudo isso vai passar, que é só seguir com eles que o pesadelo acaba.

Vou seguir sim, porque só agora que senti algo de bom, só agora que tive alívio, muito obrigada.

Áurea.



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